À medida que a crise humanitária se aprofunda no norte de Gaza, os Estados Unidos e a Jordânia têm liderado esforços para fornecer ajuda alimentar por meio de lançamentos aéreos na região. No entanto, essa estratégia tem gerado discussões consideráveis, com organizações humanitárias questionando sua eficácia e capacidade de atender às crescentes necessidades.
De acordo com relatos, os EUA afirmam ter lançado 36 mil refeições no norte de Gaza na terça-feira passada, em coordenação com a Jordânia – a segunda missão conjunta deste tipo nos últimos dias. Essa ação ocorreu um dia depois de a Organização Mundial da Saúde (OMS) ter alertado que crianças estavam morrendo de fome na região, onde cerca de 300 mil palestinos vivem com pouca comida e água potável.
Comida pelo ar em Gaza?
A situação no território palestino tem se deteriorado rapidamente desde o início do conflito em outubro de 2023. Segundo o Ministério da Saúde de Gaza, mais de 30 mil pessoas foram mortas desde então, e centenas de milhares foram deslocadas de suas casas, enfrentando condições precárias e falta de acesso a serviços básicos.
Embora os lançamentos aéreos sejam uma ferramenta valiosa para entregar ajuda humanitária em situações de emergência, eles são considerados um “último recurso” pelo Programa Alimentar Mundial (PAM) das Nações Unidas, a serem utilizados apenas “quando opções mais eficazes falham”.
Residentes locais e trabalhadores humanitários têm expressado preocupações sobre a eficácia desse método. Ismail Mokbel, um residente de Gaza, declarou à rádio Gaza Lifeline da BBC Árabe que a quantidade de ajuda lançada tem sido insuficiente para atender às necessidades básicas da grande população na área.
Jan Egeland, secretário-geral do Conselho Norueguês para os Refugiados e ex-chefe de ajuda da ONU, criticou os lançamentos aéreos, afirmando que “são caros, aleatórios e geralmente fazem com que as pessoas erradas recebam a ajuda”.
Além dos custos elevados, os lançamentos aéreos também enfrentam desafios logísticos significativos. Apenas quantidades relativamente pequenas podem ser entregues em cada voo, em comparação com o que um comboio de caminhões pode transportar. Além disso, é necessária uma coordenação terrestre substancial dentro da zona de entrega para garantir a distribuição adequada da ajuda.
A Oxfam America e outras organizações humanitárias têm pressionado os EUA e outros países a exercerem influência sobre Israel, seu aliado, para abrir corredores terrestres e marítimos seguros para a entrega de ajuda. Samir Abo Sabha, residente de Gaza, expressou seu desejo de que os EUA pressionem Israel por um cessar-fogo e facilitem o acesso à ajuda humanitária.
“Como cidadão de Gaza, estas coisas não servem para nada”, disse ele à rádio Gaza Lifeline. “O que queremos é que a América pressione Israel para um cessar-fogo e pare de fornecer armas e mísseis a Israel.”
Enquanto a crise se aprofunda, alguns defendem que a ajuda alimentar deve ser entregue por todos os meios necessários, incluindo lançamentos aéreos, até que rotas terrestres e marítimas sejam estabelecidas. José Andrés, chef e fundador da World Central Kitchen, disse à ABC News: “Precisamos levar alimentos para Gaza de qualquer maneira que pudermos. Deveríamos trazê-los pelo mar. Não creio que devamos criticar o facto de a Jordânia e a América estarem a fazer lançamentos aéreos. Na verdade, deveríamos aplaudir qualquer iniciativa que traga alimentos para Gaza.”
Comida pela ar em Gaza tem gerado polêmica.
O Presidente Biden prometeu que os EUA “redobrarão os seus esforços para abrir um corredor marítimo e expandir as entregas por terra”, mas esses esforços ainda não se concretizaram no terreno. O porta-voz das Forças de Defesa de Israel afirmou que estão facilitando comboios de ajuda e lançamentos aéreos, acrescentando: “Continuaremos a expandir os nossos esforços humanitários para a população civil em Gaza enquanto cumprimos os nossos objetivos de libertar os nossos reféns do Hamas e de libertar Gaza do Hamas.”
À medida que a situação humanitária em Gaza continua se deteriorando, a polêmica em torno dos lançamentos aéreos de ajuda humanitária permanece acesa, com diferentes partes interessadas debatendo sua eficácia, adequação e os melhores caminhos para fornecer assistência às populações necessitadas.
Perguntas Frequentes:
P: Quais são os principais desafios dos lançamentos aéreos de ajuda humanitária em Gaza?
R: Os lançamentos aéreos são considerados caros, aleatórios e muitas vezes não conseguem atingir as pessoas mais necessitadas. Além disso, apenas quantidades relativamente pequenas podem ser entregues por voo em comparação com comboios terrestres.
P: Quantas pessoas estão sendo afetadas pela crise humanitária em Gaza?
R: Estima-se que cerca de 300 mil palestinos no norte de Gaza estejam enfrentando escassez de alimentos e água potável. Mais de 30 mil pessoas morreram no conflito desde outubro de 2023, de acordo com o Ministério da Saúde de Gaza.
P: Que outras opções existem para fornecer ajuda humanitária em Gaza?
R: Organizações humanitárias e residentes pressionam por corredores terrestres e marítimos seguros para a entrega de ajuda, além de um cessar-fogo negociado. No entanto, os esforços para estabelecer essas rotas ainda não foram bem-sucedidos.
P: Qual é o papel dos EUA e de outros países nessa crise?
R: Os EUA e a Jordânia têm liderado os lançamentos aéreos, enquanto algumas organizações pedem que pressionem Israel, seu aliado, para facilitar o acesso da ajuda. O presidente Biden prometeu trabalhar para abrir um corredor marítimo.
P: Como a comunidade internacional pode ajudar a aliviar a crise humanitária em Gaza?
R: A comunidade internacional pode intensificar os esforços diplomáticos para um cessar-fogo, aumentar o financiamento para operações humanitárias e exercer pressão sobre as partes envolvidas para permitir o livre fluxo de ajuda para Gaza.